PALAVRAS DE DEUS (1.º Domingo da Quaresma)

Publicada por Correia Duarte | Etiquetas: | Posted On at 12:33

1º DOMINGO DA QUARESMA – Ano B
-- 8 de fevereiro de 2018


LEITURA I – Gn 9,8-15
Leitura do Livro do Génesis
Deus disse a Noé e a seus filhos: «Estabelecerei a minha aliança convosco, com a vossa descendência e com todos os seres vivos que vos acompanham: as aves, os animais domésticos, os animais selvagens que estão convosco, todos quantos saíram da arca e agora vivem na terra.
Estabelecerei convosco a minha aliança: de hoje em diante nenhuma criatura será exterminada pelas águas do dilúvio e nunca mais um dilúvio devastará a terra».
Deus disse ainda: «Este é o sinal da aliança que estabeleço convosco e com todos os animais que vivem entre vós, por todas as gerações futuras: farei aparecer o meu arco sobre as nuvens e aparecer nas nuvens o arco, recordarei a minha aliança convosco e com todos os seres vivos e nunca mais as águas formarão um dilúvio para destruir todas as criaturas».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 24 (25)
Refrão: Todos os vossos caminhos, Senhor, são amor e verdade
para os que são fiéis à vossa aliança.

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador.

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor.

O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer a sua aliança.

LEITURA II – 1 Pe 3,18-22
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro
Caríssimos: Cristo morreu uma só vez pelos pecados – o Justo pelos injustos – para vos conduzir a Deus. Morreu segundo a carne, mas voltou à vida pelo Espírito. Foi por este Espírito que Ele foi pregar aos espíritos que estavam na prisão da morte e tinham sido outrora rebeldes, quando, nos dias de Noé, Deus esperava com paciência, enquanto se construía a arca, na qual poucas pessoas, oito apenas, se salvaram através da água.
Palavra do Senhor.
EVANGELHO – Mc 1,12-15
Evangelho de Nosso senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, o Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto. Jesus esteve no deserto quarenta dias e era tentado por Satanás. Vivia com os animais selvagens e os Anjos serviam-n’O. Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a pregar o Evangelho, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».
Palavra da Salvação.
REFLEXÃO
Conta-nos o Livro do Exodo, do Antigo Testamento, que o povo hebreu, depois de liberto por Deus da escravidão do Egipto, fez uma longa e dolorosa travessia de 40 anos pelo deserto, até à alegria de chegar à Terra Prometida, “terra onde corre leite e mel”.
Conta-nos S. Marcos no Evangelho que Jesus, antes de dar início à Sua Pregação, passou 40 dias no deserto, em jejum, em silêncio e em oração, foi tentado pelo demónio e venceu-o nas três grandes tentações com que agora nos tenta também a nós: o orgulho, a vaidade e o prazer.

1.----Preparando a celebração festiva e gloriosa da Páscoa de cada ano, a Igreja convida todos os seus filhos pelo Baptismo a passar por um deserto de 40 dias, de 4ª feira de Cinzas até 5ª feira Santa, a que chama Quaresma, para que todos renovemos os nossos sentimentos e as nossas atitudes, em relação a Deus e em relação uns aos outros, e assim, pelo perdão dos pecados e pela renovação da vida, podermos celebrar digamente a Paixão, a Morte e a Ressurreição do Senhor.

2.----A Quaresma começou a celebrar-se na Igreja, logo nos primeiro séculos, como tempo necessário e útil, para se prepararem para o Baptismo os adultos que o desejavam receber em cada Páscoa, e para se prepararem para serem integrados na Igreja os pecadores públicos, pelo Sacramento da Confissão, e assim terem parte plena na ressurreição do Senhor, ressuscitando também eles com Jesus para Vida Nova de filhos de Deus.

3.---A história da humanidade, desde as suas origens, está marcada pelo pecado. Ao longo dos séculos tem-se revivido o pecado dos nossos primeiros pais que foi, antes de mais, uma atitude de orgulho, de revolta, de falta de submissão à vontade de Deus. E as raízes desse mal estão em todos nós, sempre prontas a manifestar-se. Por isso toda a vida humana terá de ser uma vida de luta contra o mal.

4.---Nesta luta, Deus intervém junto de nós, porque nos quer salvar. Interveio, logo no início dos tempos, quando mandou o Dilúvio para destruir o mal sobre a terra, fazendo desaparecer os homens pecadores. Interveio ainda, depois de tantas outras calamidades, quando fez uma aliança com Moisés e lhe entregou as Tábuas da Lei. E interveio finalmente quando enviou ao mundo o Seu Filho que por nós sofreu e morreu. Foi esta a Nova e Eterna Aliança que Deus fez com os homens, aliança definitiva que pelos méritos de Cristo nos obteve o perdão de todos os nossos pecados.

5.---Mas Deus quer ainda intervir junto de cada um de nós, agora, e para isso nos proporciona este tempo da Quaresma. É o “tempo favorável” para nos convertermos, nos abrirmos à misericórdia de Deus; e assim, convertidos e renovados, podermos chegar com mais fervor, pureza, santidade e alegria às festas pascais.

6.----Ao longo da vida, nós vamos cedendo às tentações do egoísmo, do orgulho, da descrença, do desleixo, do desinteresse, e acabamos por nos esquecer de Deus, por nos afastarmos da Sua Casa, da Oração, dos Sacramentos que Ele dexou para nos salvar, e nem sequer nos reunimos ao Domingo com Jesus para darmos glória e louvor a Deus e lhe agradecermos os Seus muitos favores; trocamos o nosso Deus e Pai por qualquer outra coisa, por tudo e por nada. Pelo nosso egoísmo e pela nossa arrogância, vivemos quase só voltados para nós, e esquecemos, desprezamos e até ofendemos os outros, nomeadamente, os da nossa casa, os nossos vizinhos, os nossos colegas, e esquecemos e desprezamos os mais frágeis, como são os mais pobres, os mais velhos, os mais doentes.

7.---A Quaresma e a Páscoa de cada ano é para rectificarmos o que está errado e mal na nossa relação com Deus e na nossa relação uns com os outros. O convite que Jesus fez naquele tempo e nos faz agora a todos, é o seguinte: -“Chegou o tempo. Arrependei-vos e acreditai”!

8.----Procuremos, por isso, fazer alguma coisa para evitar ou ajudar a destruir o mal que nos rodeia e está em nós. A Igreja indica-nos três remédios que temos de tomar, especialmente neste tempo, para nos curamos das nossas doenças morais e espirituais: a Oração, o Jejum, e a Esmola. Tomemos estes remédios, e depois, procuremos e recebamos o perdão de Deus no Sacramento da Confissão.

9. -- Não fiquemos indiferentes! Na oração sugiro: a santa missa diária; o santo terço; a via-sacra; o diálogo contínuo com Jesus, nomeadamente quando estamos ou andamos sozinhos. No jejum, lembro: abster-nos de algo de que estamos dependentes, tais como, a comida e a bebida a mais, que até nos faz mal à saúde, a televisão, o computador, o telemóvel, o álcool, o tabaco, as más palavras, as desobediências, a humilhação dos outros, cada um é que sabe; na esmola, pensarmos em tanta gente que nem tem pão para comer, enquanto nós consumimos, consumimos, consumimos. Gastemos menos e ajudemos quem precisa. E demos aos outros, a começar pelos que estão em nossa casa, a esmola do nosso carinho, da nossa paciência, da nossa boa cara e das nossas boas palavras.   

Levemos isto a sério. E peçamos a Deus que nos ajude.

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