PALAVRAS DE DEUS (23º Domingo Comum - ano A)

Publicada por Correia Duarte | Etiquetas: | Posted On at 08:57

-23º DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO A -
10 de Setembro de 2017


LEITURA I – Ez 33,7-9
Leitura da Profecia de Ezequiel

Eis o que diz o Senhor: «Filho do homem, coloquei-te como sentinela na casa de Israel. Quando ouvires a palavra da minha boca, deves avisá-los da minha parte. Sempre que Eu disser ao ímpio: ‘Ímpio, hás-de morrer’, e tu não falares ao ímpio para o afastar do seu caminho, o ímpio morrerá por causa da sua iniquidade, mas Eu pedir-te-ei contas da sua morte. Se tu, porém, avisares o ímpio, para que se converta do seu caminho, e ele não se converter, morrerá nos seus pecados, mas tu salvarás a tua vida».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 94 (95)
Refrão: Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações.
Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor.

Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou.
Pois Ele é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.

Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:
«Não endureçais os vossos corações,
como em Meriba, no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras».

LEITURA II – Rom 13,8-10
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos

Irmãos: Não devais a ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros, pois, quem ama o próximo, cumpre a lei. De facto, os mandamentos que dizem: «Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás», e todos os outros mandamentos, resumem-se nestas palavras: «Amarás ao próximo como a ti mesmo». A caridade não faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da lei.
Palavra do Senhor.
 EVANGELHO – Mt 18,15-20
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se o teu irmão te ofender, vai ter com ele e repreende-o a sós. Se te escutar, terás ganho o teu irmão. Se não te escutar, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão fique resolvida pela palavra de duas ou três testemunhas. Mas se ele não lhes der ouvidos, comunica o caso à Igreja; e se também não der ouvidos à Igreja, considera-o como um pagão ou um publicano. Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na terra será ligado no Céu; e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu. Digo-vos ainda: Se dois de vós se unirem na terra para pedirem qualquer coisa, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos Céus. Na verdade, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles».
Palavra da Salvação
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REFLEXÃO:
É do conhecimento de todos que, à porta de armas de cada aquartelamento de tropas, está sempre, de noite e de dia, um soldado armado, sempre acordado, sempre de pé, sempre atento ao que se passa. Enquanto os outros descansam, perscruta o horizonte e procura detectar o perigo que se aproxima e ameaça o quartel, o palácio, ou a cidade. Se pressente algum perigo, dá logo o alarme para que todos se preparem para o ataque do inimigo, e possam assim salvar-se dele. Se o sentinela não vigiar, ou não der o alarme, será responsável pela catástrofe que vier a acontecer.

1.---A liturgia deste domingo pede-nos uma reflexão sobre a nossa responsabilidade face aos irmãos que nos rodeiam- familiares, amigos, colegas ou vizinhos - e lembra-nos que todos somos responsáveis uns pelos outros.

2.---A primeira leitura fala-nos do profeta como uma “sentinela” que Deus colocou a vigiar a cidade dos homens. Atento aos projectos de Deus e à realidade do mundo, o profeta apercebe-se daquilo que está a contrariar ou a falsear os planos de Deus e a impedir a felicidade dos homens. Como sentinela responsável, deve alertar, sem descuido, a comunidade para os perigos que a ameaçam.

3.----Na segunda leitura, S. Paulo convida os cristãos de Roma (e de todos os lugares e tempos) a colocarem no centro da existência cristã o mandamento do amor. Trata-se de uma “dívida” que temos para com todos, e que nunca estará completamente saldada. O cristianismo sem amor é uma mentira. A lei de Deus, diz S. Paulo, é amar-nos uns aos outros e não fazermos aos outros o que não queremos que nos façam a nós.

4.----No Evangelho, Jesus deixa clara a nossa responsabilidade em ajudar cada irmão a tomar consciência dos seus defeitos, dos seus erros, dos seus desleixos ou dos seus afastamentos. Trata-se de um dever que resulta do mandamento do amor. O que Jesus no manda fazer é a chamada correcção fraterna. Não é amuar, afastar-nos ou afastar, desprezar, dizer mal dos outros por trás, criticar a pessoa em público, espalhar boatos, e, pior ainda, difamar ou caluniar. Nós gostamos muito disso, fazemos muito isso, e pecamos muito nisso. Ao contrário. Na família ou na comunidade, a correcção fraterna que Jesus nos manda fazer, é ir ao encontro da outra pessoa (do marido, da esposa, do filho, do colega ou do vizinho) conversar com ela a sós, com humildade, amor e respeito, não como juízes que condenam mas como irmãos que se amam, chamar-lhe a atenção para o que não está bem, e aconselhá-la a alterar as suas atitudes, a melhorar os seus comportamentos. Isso chama-se diálogo. Deus não nos fez juízes uns dos outros, mas irmãos. A maior parte das separações e dos divórcios dos casais, acontecem por falta deste diálogo. Corrigir, é um dever de todos. Jesus diz que, se o fizermos, mesmo que a pessoa não nos ouça ou até nos dê uma má resposta, nós fizemos o que devíamos e não somos mais responsáveis pelas suas faltas e pelo seu futuro. Mas, se não o fizermos, somos também responsáveis pelos males que vierem a acontecer, aqui e na eternidade. O nosso dever é ligar as pessoas a Deus e umas às outras, não desligá-las ou afastá-las.

5.---Falando de sentinelas, é lógico que pensemos nos pais na sua casa, nos párocos nas suas paróquias, nos directores das escolas, nos governantes de um país, nos gerentes das empresas.
Todas essas pessoas, principalmente os pais, são as sentinelas que não podem dormir nem distrair-se, um dia que seja, para não deixarem que na sua casa ou instituição, o inimigo vá entrando, subrepticiamente, e aos poucos vá dando cabo de tudo. Quando as crianças são baptizadas, os pais e os padrinhos assumem essa responsabilidade perante Deus e perante a Igreja: ser sentinelas vigilantes junto dessa criança: primeiro, ensinando-a a crescer no bem e a fugir do mal; a amar a Deus com todo o coração e a amar as outras pessoas com toda a dedicação; e depois, estando atentos a tudo o que se passa com ela e alertando-a para todos os perigos que vai encontrando para a fé que recebe no Baptismo como dom de Deus. A este propósito, cabe perguntar: onde andam, em nossos dias, as crianças e os jovens baptizados e cristãos, que não se vêem nas igrejas? E também: onde andam os pais que as quiseram baptizar, e que fizessem as festas das Comunhões, e que recebessem o Crisma, que também desertaram das igrejas, e já não vêm com elas? O Baptismo introduz-nos na Comunidade de Jesus, para vivermos nela. Não é para fugirmos dela. Não é para andarmos longe dela. Isso não tem jeito, nem faz sentido.

6.---Jesus termina dizendo que está connosco, para nos ajudar na nossa caminhada cristã, rumo à salvação, sobretudo quando nos reunimos, em casa ou no templo, para rezarmos juntos. Ouviram bem? Rezarmos juntos. Vocês rezam juntos, em vossa casa? Vocês, os pais rezam com os vossos filhos, e ensinam-nos a rezar? Os cristãos dos nossos dias sabem que, pelo Baptismo, pertencem a uma comunidade, e que não podem sobreviver na fé, afastados dela?
Atenção. Todos vamos um dia responder, por nós, mas também pelos outros. Sobretudo pelos que Deus entregou ao nosso cuidado e à nossa responsabilidade.
Que Deus nos ajude. 


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