PALAVRAS DE DOMINGO (8.º Domingo Comum - ano C)
Publicada por Correia Duarte | | Posted On at 11:33
– 8º DOMINGO DO
TEMPO COMUM – Ano C
(27.Fevereiro. 2022)
LEITURA
I Sir 27, 5-8 (gr. 4-7)
Leitura do Livro de Ben-Sirá
Quando agitamos o crivo, só ficam impurezas: assim os defeitos do homem
aparecem nas suas palavras. O forno prova os vasos do oleiro, e o homem é posto
à prova pelos seus pensamentos. O fruto da árvore manifesta a qualidade do
campo: assim as palavras do homem revelam os seus sentimentos. Não elogies
ninguém antes de ele falar, porque é assim que se experimentam os homens.
Palavra do Senhor.
SALMO
RESPONSORIAL Salmo 91 (92), 2-3.13-14.15-16 (R.cf. 2a)
Refrão: É bom louvar o Senhor.
É bom louvar o Senhor
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade.
O justo florescerá como a palmeira,
crescerá como o cedro do Líbano:
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus.
Mesmo na velhice dará o seu fruto,
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo:
n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade.
LEITURA
II 1 Cor 15, 54-58
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo
São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Quando este nosso corpo corruptível se tornar incorruptível e este
nosso corpo mortal se tornar imortal, então se realizará a palavra da
Escritura: «A morte foi absorvida na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória?
Ó morte, onde está o teu aguilhão?». O aguilhão da morte é o pecado, e a força
do pecado é a Lei. Mas dêmos graças a Deus, que nos dá a vitória por Nosso
Senhor Jesus Cristo. Assim, caríssimos irmãos, permanecei firmes e inabaláveis,
cada vez mais diligentes na obra do Senhor, sabendo que o vosso esforço não é
inútil no Senhor.
Palavra do Senhor.
EVANGELHO
Lc 6, 39-45
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola: «Poderá um cego
guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? O discípulo não é superior
ao mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. Porque
vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na
tua? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens
na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a
trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu
irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada
árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se
apanham uvas das sarças.
O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua
maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração».
Palavra da salvação.
REFLEXÃO
Estamos chegados ao Carnaval e vamos entrar no Santo
Tempo da Quaresma. Nestes dias de Carnaval, as pessoas tapam a cara com
máscaras, para parecerem o que não são no dia a dia do ano . Logo a seguir, a
Igreja convida-nos a aceitar cinza nas nossas cabeças, para nos lembrar que a
vida neste mundo não é eterna e que todas as máscaras que usamos não passam de
enganos que só nos são prejudiciais.
1.--Os textos da
Escritura que hoje são postos na Mesa da Palavra para alimento da fé e da
caridade dos cristãos que se reúnem à volta de Jesus, são um grande alerta para
que evitemos na nossa vida tudo o que é hipocrisia e falsidade, e cultivemos a
sinceridade nas palavras, nos gestos e nas intenções.
2.--Na 1ª leitura, recorrendo a três
imagens (a do crivo que, quando agitado, coloca à vista as impurezas do trigo;
a do forno, que mostra a qualidade do barro de que foram feitos os objetos; e a
do fruto, que revela a qualidade do campo que o produziu), o sábio ensina que a
nossas palavras mostram claramente o que esta dentro de nós. O modo como
falamos - com humildade e paciência, ou com malícia, orgulho e arrogância - diz
aos outros que pessoas somos nós.
3.--No Santo Evangelho, Jesus diz que um
cego não pode guiar outro cego, que não existe discípulo superior ao mestre e
que árvore boa se conhece pelos frutos que dá. São Lucas ensina que Jesus exige
de cada um de nós a transparência e a sinceridade. Sinceridade vem da expressão
latina “sine cera”, sem cera, isto é, sem maquiagem, sem máscara.
4.—A grande tentação das pessoas do nosso tempo,
sobretudo nas redes sociais, é a de parecer e de aparecer. Maquiamo-nos muitas
vezes e usamos máscaras para parecermos
o que não somos. A verdade porém é que pessoas não se podem avaliar
pelas suas aparências, mas pelo que dizem e pelo que fazem no seu dia a dia, a
começar pela sua vida particular e dentro das suas próprias casas.
5.---A primeira tentação de quem não é
humilde nem sincero, é falsear as
palavras de Jesus, dizendo, divulgando e ensinando, não o que Ele disse, mas
aquilo que gostaria que Ele tivesse dito. Até nós, as pessoas responsáveis na
Igreja podemos cair nesse tão grave e perigoso erro quando, por exemplo, e para
não desagradarmos aos ouvintes que não gostam de ouvir coisas sérias, só falamos da bondade de Deus, mas nada dizemos
sobre a Sua Justiça e sobre o Julgamento a que cada um de nós está sujeito. Ora,
meias verdades não são a verdade toda.
6. – A segunda tentação é a de nos
julgarmos a nós os bons e os melhores de todos, e considerarmos os outros
incumpridores, mentirosos, preguiçosos e outras coisas mais, para além de
exigirmos dos outros o que nós prórios
não fazemos. Na comunidade de Jesus não há lugar para “juízes”, intolerantes e
intransigentes , sempre à procura da mais pequena falha dos outros para os
condenar, sem se preocuparem com os erros
e falhas que eles próprios cometem. Quem não está numa permanente atitude de
conversão e de transformação de si próprio, em correspondência à vontade de
Deus, não tem qualquer autoridade para criticar os demais. Aliás, por melhores
que sejamos, nenhum de nós é totalmente perfeito e em tudo agradáveis a Deus.
Todos temos qualidades e todos temos defeitos.
7. – Por último, o Evangelista Lucas apresenta o critério para discernir quem são os verdadeiros discípulos de Jesus. Cristãos verdadeiros são aqueles que dão bons frutos, ou seja, aqueles que têm a mente e o coração cheios da mensagem de Jesus, a anunciam fielmente, e tudo fazem para viver de acordo com ela. Na segunda leitura, S. Paulo dizia-nos que devemos permanecer firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor, sabendo que o nosso esforço não é inútil mas será altamente recompensado por Deus.
8.---Como baptizados, devemos ser homens
e mulheres humildes, amigos da verdade e cheios da graça divina. É fácil, mas
condenável, vermos e censurarmos as falhas dos outros e enveredarmos pela crítica fácil que, tantas vezes, chega a afetar
a reputação e ferir a dignidade das pessoas.
9.---Nós não somos juízes de nos
próprios. Os outros também não são nossos juízes. Quem nos julga a todos é o
Senhor. Por isso, não vale a pena maquiarmos o rosto. Deus vê o coração de cada
um. Por isso é que devemos viver preocupados com o que Deus vê e sabe de nós.
Mesmo que ninguém mais o saiba ou veja.
10.---Que O Espírito Santo nos ilumine e
nos ajude a cultivar a humildade e a verdade, e a ser cada mais sinceros com
Deus, com os outros e connosco próprios.
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