PALAVRAS DE DOMINGO (III Domingo da Quaresma - ano C)

Publicada por Correia Duarte | | Posted On at 13:58

 – 3º DOMINGO DA QUARESMA – Ano C

(20 de Março de 2022)



LEITURA I – Ex 3,1-8a.13-15
Leitura do Livro do Êxodo
Naqueles dias, Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Ao levar o rebanho para além do deserto, chegou ao monte de Deus, o Horeb. Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor numa chama ardente, do meio de uma sarça. Moisés olhou para a sarça, que estava a arder, e viu que a sarça não se consumia. Então disse a Moisés: «Vou aproximar-me, para ver tão assombroso espectáculo: por que motivo não se consome a sarça?» O Senhor viu que ele se aproximava para ver. Então Deus chamou-o do meio da sarça:
«Moisés! Moisés!» Ele respondeu: «Aqui estou!» Continuou o Senhor: «Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos pés, porque o lugar que pisas é terra sagrada». E acrescentou: «Eu sou o Deus de teu pai, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob». Então Moisés cobriu o rosto, com receio de olhar para Deus. Disse-lhe o Senhor: «Eu vi a situação miserável do meu povo no Egipto; escutei o seu clamor provocado pelos opressores. Conheço, pois, as suas angústias. Desci para o libertar das mãos dos egípcios e o levar deste país para uma terra boa e espaçosa, onde corre leite e mel». Moisés disse a Deus: «Vou procurar os filhos de Israel e dizer-lhes: ‘O Deus de vossos pais enviou-me a vós’. Mas se me perguntarem qual é o seu nome, que hei-de responder-lhes?» Disse Deus a Moisés: «Eu sou ‘Aquele que sou’». E prosseguiu: «Assim falarás aos filhos de Israel: O que Se chama ‘Eu sou’ enviou-me a vós». Deus disse ainda a Moisés: «Assim falarás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, Deus de vossos pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob, enviou-me a vós.
Este é o meu nome para sempre, assim Me invocareis de geração em geração’».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL – Salmo 102 (103)
Refrão: O Senhor é clemente e cheio de compaixão.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.
Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades;
salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia.
O Senhor faz justiça
e defende o direito de todos os oprimidos.
Revelou a Moisés os seus caminhos
e aos filhos de Israel os seus prodígios.
O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia para os que O temem.
LEITURA II – 1 Cor 10,1-6.10-12
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos: Não quero que ignoreis que os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, passaram todos através do mar e na nuvem e no mar, receberam todos o baptismo de Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual e todos beberam a mesma bebida espiritual. Bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava: esse rochedo era Cristo. Mas a maioria deles não agradou a Deus, pois caíram mortos no deserto. Esses factos aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de não cobiçarmos o mal, como eles cobiçaram. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, tendo perecido às mãos do Anjo exterminador. Tudo isto lhes sucedia para servir de exemplo e foi escrito para nos advertir, a nós que chegámos ao fim dos tempos. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.
Palavra do Senhor.
EVANGELHO – Lc 13,1-9
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes,
morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’ Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».
Palavra da Salvação
REFLEXÃO:
Nestes dias, as nossas televisões quase não falam de outra coisa senão da guerra. E. à volta da guerra, aparecem muitas interpretações. Seja como for (só Deus sabe), a verdade é que a guerra obrigou os países mais ricos a sair do seu conforto e a deixar o seu egoísmo, para ajudarem as pessoas em fuga, aos milhares.
1.---Conta-nos o evangelista Lucas que, naqueles dias, tinham acontecido em Jerusalém dois factos em que muito se falava também: primeiro, o governador Pilatos tinha mandado matar uns habitantes da Galileia, em castigo por um crime que eles tinham cometido; o segundo é que tinha caído uma torre em Siloé e matara dezoito pessoas. As pessoas que vieram dar essas notícias a Jesus, julgando-se justas e santas, achavam que fora um justo castigo de Deus para esses pecadores.
Jesus não concordou com isso e disse-lhes que tivessem cuidado, que não pensassem que eram mais justos e mais santos do que os que foram mortos, mas que aproveitassem o tempo que Deus lhes dava para se arrependerem, para se converterem, e para mudarem o que estava errado e mal nas suas vidas. Tal como o dono da figueira que, procurando nela figos e não os encontrando, mesmo depois de a tratar com adubo e água, desiste de esperar e a manda arrancar para sempre, assim poderia Deus fazer com quem não liga aos Seus apelos e aos Seus avisos.
2. ---De facto, o Senhor, nosso Deus, que cuida de nós e nos concede tudo e mais alguma coisa, tem o direito de esperar de cada um de nós, frutos de fé e amor, para Ele e para os Seus filhos.
3.---O nosso bispo escreveu uma mensagem de Quaresma para os católicos da diocese. Vamos ler duas ou três frases que digam o essencial:
«Caríssimos irmãos e irmãs, o tempo da Quaresma é o tempo da conversão, o tempo da sementeira, em que Deus lança em nós novas sementes para que nasça em nós uma nova plantação, um novo coração, atento a Deus e aberto aos nossos irmãos mais necessitados. É por isso que em cada Quaresma que passa somos chamados a renovar o esforço da nossa Caridade, que se traduz na oferta da nossa esmola quaresmal. Costuma chamar-se a este esforço da nossa Caridade renúncia quaresmal, que por amor oferecemos no Ofertório do Domingo de Ramos na Paixão do Senhor. Neste ano e nesta Quaresma de 2022, apelo a todos os meus irmãos espalhados pelas Paróquias da nossa Diocese, que nos sintamos comprometidos com três situações a necessitar do nosso apoio e onde trabalham missionários oriundos da nossa Diocese de Lamego: em Timor; em Chade e S. Tomé e Príncipe. Nesta caminhada quaresmal rumo à Páscoa do Senhor, saúdo com afeto e alegria todos os meus irmãos e irmãs espalhados pelas paróquias da nossa Diocese. Todos mesmo, desde os mais velhinhos até aos mais pequenos. A todos desejo, do fundo do meu coração, saúde, paz, paciência, resistência, e que a ninguém falte a graça de Deus e a mão fraterna de um irmão».
4.--- A generosidade de Deus para connosco é de facto um apelo permanente à nossa conversão. Duas atitudes importantes somos chamados a adoptar:
-A primeira é descobrirmos Deus como um Deus que ama, que espera, que perdoa, que é clemente compassivo, como cantamos hoje, no salmo responsorial; a segunda é que Ele também exige da nossa parte amor, respeito, adoração e obediência. Assim se revelou a Moisés, como ouvimos na 1ª leitura. Deus é um Pai clemente e bom, mas quer e exige que nós cumpramos os nossos deveres de filhos; a segunda, é assumirmos as nossas responsabilidades de fidelidade nos nossos deveres para com Deus e de fidelidade nos nossos deveres para com o próximo, e esforçarmo-nos por corrigir o que está mal aos olhos de Deus em nossa vida.
Isto é um assunto sério.
S. Paulo, na 2ª leitura diz-nos que todos os israelitas foram libertados por Deus da escravidão do Egipto, receberam o baptismo de Moisés e comeram do maná vindo do céu, mas que a maioria deles, apesar de tudo isso, não agradou a Deus, tanto que caíram mortos no deserto e não entraram na Terra Prometida. Por isso, nenhum de nós se julgue santo e salvo, sem necessidade de conversão. Como diz S. Paulo, “quem está de pé, tenha cuidado para não cair”.
5.---Vamos todos, mesmo todos, pensar bem no modo como estão a nossa consciência, o nosso coração, e os nossos comportamentos aos olhos de Deus, e procuremos corrigir, aos poucos, o que temos de corrigir, o que Deus espera e quer que nós mudemos. Para isso é a Quaresma. Para isso é a Páscoa de cada ano. O Espírito de Deus nos ilumine. A Mãe de Jesus nos ajude e abençoe.

Comments:

There are 0 comentários for PALAVRAS DE DOMINGO (III Domingo da Quaresma - ano C)

Enviar um comentário